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Trabalhos do INPA conquistam Prêmio Samuel Benchimol e Banco da Amazônia 2019


Dois projetos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) foram agraciados com o Prêmio Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente 2019. A cerimônia de outorga acontecerá nesta sexta-feira (22), em Boa Vista (RR).

A ferramenta para colheitas de cachos de espécies de palmeiras da Amazônia (Palmhaste) desenvolvida pelo técnico Afonso Rabelo e equipe conquistou o primeiro lugar como Projeto de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica. A categoria distingue trabalhos economicamente viáveis, ecologicamente adequados, politicamente equilibrados e socialmente justos.

“Esse reconhecimento é uma motivação a mais para continuar o trabalho com frutos amazônicos na expectativa de que esse valioso prêmio possa ajudar na valorização e popularização da palmhaste”, disse Rabelo, destacando que a ferramenta vem para contribuir com o extrativismo sustentável, gerando renda e melhoria na qualidade de vida das comunidades rurais, sobretudo as mais carentes.

 O projeto Uso da Azolla caroliniana como fonte de alimento para peixes, animais domésticos e para o homem amazônico, do pesquisador Luiz Antonio Oliveira, ficou com a terceira colocação na categoria Iniciativa de Desenvolvimento Local. Segundo Oliveira, a plantinha é uma microssamambaia que ocorre em diversas partes do mundo, flutua na água e por ter uma associação simbiótica com uma alga fixadora de nitrogênio, é usada pelos chineses há mais de 8.500 anos na adubação do arroz irrigado.

“Estou muito satisfeito pela premiação, pois esse é o prêmio mais conhecido da região. É a segunda vez que ganho, mas outros pesquisadores do Inpa também já ganharam. Os pesquisadores do Inpa são os maiores ganhadores desse prêmio”, disse Oliveira, que em 2013 conquistou mesma posição na categoria Econômica/Tecnológica com o projeto Uso do Mesocarpo do Babaçu (Orbignya Phalerata Mart.) para a Produção de Etanol e Alfa-Amilases na Amazônia Brasileira.

 Palmhaste

A Palmhaste foi certificada recentemente como uma tecnologia social pelo Prêmio da Fundação Banco do Brasil, e atende dois objetivos globais para o desenvolvimento sustentável: o (2) fome zero e agricultura sustentável e o (8) trabalho decente e crescimento econômico. Informações sobre a ferramenta certificada podem ser acessadas aqui.

É uma ferramenta que permite as pessoas envolvidas na colheita de frutos de palmeiras – especialmente as que possuem potencial ou alto valor econômico na região como açaí, babaçu, bacaba, buriti, macaúba, murumuru, patauá, pupunha e tucumã – façam a atividade com segurança, sem precisar subir nas árvores, sem desgastes físicos e sem correr o risco de acidentes graves em quedas ou ser picados por animais peçonhentos.

“Além disso, o uso da ferramenta poderá auxiliar pesquisadores e estudantes nas pesquisas com palmeiras de alto valor econômico e aumentar os trabalhos sobre a fenologia dos frutos, amadurecimento de pós-colheita, processamento, beneficiamento e agregação de valor industrial”, conta Rabelo.

 O instrumento é uma vara de 18 metros de altura, feita com tubos de alumínio naval, foices na ponta da parte superior, e os acessórios para possibilitar a subida, equilíbrio, estabilidade e sustentação à “haste”.

A ferramenta foi desenvolvida pelo engenheiro florestal Afonso Rabelo e pelos ilustradores botânicos Felipe França e Gláucio Belém, vinculados à Coordenação de Biodiversidade (Cobio/Inpa), em conjunto com comunidades e produtores. A partir do uso e retorno de comunitários, a equipe trabalha na melhoria da ferramenta desde 2013. Nos processos de certificação e do Prêmio, Rabelo e equipe receberam o apoio da Coordenação de Tecnologia Social (Cotes) do Inpa.

Considerada uma solução inovadora para a Amazônia, a palmhaste também está registrada na Rede SDSN, uma Plataforma de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia.

A ferramenta está disponível para transferência de tecnologia. Empresários interessados em produzir em escala e comercializar a palmhaste podem procurar a Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (Coeti/Inpa), pelos telefones (92) 3643-3152/3324 ou pelo e-mail coeti@inpa.gov.br.

Azolla caroliniana

A microssambaia é consumida in natura pelos peixes e animais domésticos, bastando jogar para eles. É muito usada nos países asiáticos para adubação de culturas como o arroz, alimentação de peixes, frangos, bovinos e suínos, além da alimentação humana.

Na Amazônia, ocorre nas áreas alagadas, mas é desconhecida pelo homem regional. A planta tem de 20% a 30% de proteínas e contém os aminoácidos essenciais, exceto a cisteína, um aminoácido não essencial com características antioxidantes e detoxificantes.

Segundo Oliveira, suas pesquisas no com a Azolla caroliniana estão no início. Coletas foram feitas no Catalão, rio Solimões, próximo ao encontro das águas, e estão em análise. Mas adianta que a plantinha pode ajudar na alimentação principalmente de peixes e frangos regionais.

“A forma mais simples de alimentar esses animais com a Azolla caroliniana é simplesmente dar a eles na forma in natura, mas também podem, futuramente, fazer parte da constituição de alguma ração, pois contém proteínas, aminoácidos essenciais, necessários para a nutrição animal”, contou. “Ela pode ajudar ainda no crescimento mais rápido dos animais a um custo de aproximadamente seis vezes menor que o preço da ração, além de ser cultivada em bandejas dentro de casas e apartamentos e usada como verdura pelo homem”, completou.

 Saiba Mais

Em anos anteriores, pesquisadores do Inpa foram agraciados, como a 2ª colocação/2018 com o projeto “Frutos amazônicos como estratégia de inovação, sustentabilidade e melhoria na qualidade de vida” (Francisca Souza e Jaime Aguiar), Confecção de próteses ortopédicas com fibras vegetais de espécies nativas da Amazônia do Laboratório de Engenharia de Madeira (1º lugar/2016 – Jadir Rocha e equipe) e com o projeto Cogumelos comestíveis da Amazônia como alternativa alimentar e melhoria da qualidade de vida (1º lugar/2013 – Ceci Sales-Campos e Meire Cristina Nogueira de Andrade (Inpa e Ufam).

Fotos: Afonso Rabelo

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